quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Escárnio perfumado (CRUZ e SOUSA)


Quando no enleio

De receber umas notícias tuas,

Vou-me ao correio,

Que é lá no fim da mais cruel das ruas,


Vendo tão fartas,

D'uma fartura que ninguém colige,

As mãos dos outros, de jornais e cartas

E as minhas, nuas - isso dói, me aflige...


E em tom de mofa,

Julgo que tudo me escarnece, apoda,

Ri, me apostrofa,


Pois fico só e cabisbaixo, inerme,

A noite andar-me na cabeça, em roda,

Mais humilhado que um mendigo, um verme...

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