"Terreur du libertin, espoir du fol ermite;
Le Ciel! couvercle noir de la grande marmite
Où bout l'imperceptible et vaste hummanité."
Charles Baudelaire
Esqualido um poema nasce
Sobre teus ombros, ancourado
Nas águas sepulcrais de tua face,
Entre os lençóis da cama ao lado.
Dorme o lirismo ante o sonho frio,
Eterno, infindo, ébrio, tácito
Por entre as vozes do martírio,
Por entre as barbas de Heráclito.
Eufêmico engole a dor da existencia
Grita, chora, goza e ri
Mata a matéria, a ciência
Asfixia o vento e não sorri.
Vomita feito puta na esquina,
Defeca na rua a luz do dia,
Ignora a plutocracia fina,
Quer o grotesco, quer a melancolia.
Consome Nietzsche e Baudelaire
E rasga o jornal de amanhã
Lúcido, esquarteja a moral cristã
É o sim e o não, é o que não é.
E ante a voz do fogo oculto
Na ternura e no insulto
É a loucura sobre os céus,
É o horror defronte Deus.
E no plácido abismo de espíritos vãos
É cuspe pálido, drama cômico
Escarro sangue por sobre as mãos,
É amargura, espasmo irônico.
Vagueia súbito na avenida escura
Na intima sugeira humana
Vê na escuridão a beleza pura,
Vê no andrajo a última chama.
E no ventre de tua mãe nua
No líquido de teus pais bêbados,
Vive no verso em que flutua,
Eis, o rei dos desalmados.
Le Ciel! couvercle noir de la grande marmite
Où bout l'imperceptible et vaste hummanité."
Charles Baudelaire
Esqualido um poema nasce
Sobre teus ombros, ancourado
Nas águas sepulcrais de tua face,
Entre os lençóis da cama ao lado.
Dorme o lirismo ante o sonho frio,
Eterno, infindo, ébrio, tácito
Por entre as vozes do martírio,
Por entre as barbas de Heráclito.
Eufêmico engole a dor da existencia
Grita, chora, goza e ri
Mata a matéria, a ciência
Asfixia o vento e não sorri.
Vomita feito puta na esquina,
Defeca na rua a luz do dia,
Ignora a plutocracia fina,
Quer o grotesco, quer a melancolia.
Consome Nietzsche e Baudelaire
E rasga o jornal de amanhã
Lúcido, esquarteja a moral cristã
É o sim e o não, é o que não é.
E ante a voz do fogo oculto
Na ternura e no insulto
É a loucura sobre os céus,
É o horror defronte Deus.
E no plácido abismo de espíritos vãos
É cuspe pálido, drama cômico
Escarro sangue por sobre as mãos,
É amargura, espasmo irônico.
Vagueia súbito na avenida escura
Na intima sugeira humana
Vê na escuridão a beleza pura,
Vê no andrajo a última chama.
E no ventre de tua mãe nua
No líquido de teus pais bêbados,
Vive no verso em que flutua,
Eis, o rei dos desalmados.
2 comentários:
Ah! O que poderei dizer sobre esta preciosidade?! Talvez que o poema poderia perfeitamente ser intitulado como: "Zaratustra" ou "Versos Subterrâneos"... Mas isto seria uma obviedade, a bem dizer. O que quero dizer, meu caro amigo, é que ao lê-lo "a voz de meu sangue se fez ouvir e minha alegria não pôde ter limites!"
Gustavo
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