Prometeu sacudiu os braços manietados
e súplice pediu a eterna compaixão,
ao ver o desfilar dos séculos que vão
pausadamente, como um dobre de finados.
Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião,
uns cingidos de luz, outros ensangüentados...
Súbito, sacudindo as asas de tufão,
fita-lhe a águia em cima os olhos espantados.
Pela primeira vez a víscera do herói,
que a imensa ave do céu perpetuamente rói,
deixou de renascer às raivas que a consomem.
Uma invisível mão as cadeias dilui;
frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui;
acabara o suplício e acabara o homem.
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