sexta-feira, 29 de maio de 2009

UIVO (Allen Ginsberg)


Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela

loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,

arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em

busca de uma dose violenta de qualquer coisa,

"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato

celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,

que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando

sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis

apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos

das cidades contemplando jazz,

que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram

anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados

das casas de cômodos,que passaram por universidades com os olhos frios e

radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William

Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos

das universidades por serem loucos e publicarem odes

obscenas nas janelas do crânio,

que se refugiaram em quartos de paredes de pintura

descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em

cestas de papel, escutando o Terror através da parede,

que foram detidos em suas barbas públicas voltando por Laredo

com um cinturão de marijuana para Nova York,

que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam

terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram

seus torsos noite após noite,


(...)

Nenhum comentário: