Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela
loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em
busca de uma dose violenta de qualquer coisa,
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato
celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando
sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis
apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos
das cidades contemplando jazz,
que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram
anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados
das casas de cômodos,que passaram por universidades com os olhos frios e
radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William
Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos
das universidades por serem loucos e publicarem odes
obscenas nas janelas do crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura
descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em
cestas de papel, escutando o Terror através da parede,
que foram detidos em suas barbas públicas voltando por Laredo
com um cinturão de marijuana para Nova York,
que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam
terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram
seus torsos noite após noite,
(...)